Minha indigninação de hoje se ao fato de Martha Medeiros em sua crônica dominical de Zero Hora, ter escrito que custava a acretidar que não era sapatona pelo fato de não gostar de coisas de mulherzinha...
Li aquilo e não gostei. Me atingiu bem no meio. De repente uma das escritoras que eu mais leio, dizia umas coisas tão sem nexo que não me contive e enviei um e-mail para a mesma.
Sei que ela não quis ser preconceituosa e tal com o que escreveu, mas ditou o estereótipo bobo com o qual rotularam toda e qualquer mulher que goste de outra.
Disse à ela o que de fato é verdade. No meu armário tenho várias peças cor de rosa, bato perna por liquidações de fim de estação, fico pendurada horas no telefone, tenho mais sapatos do que pés para usá-los, na cozinha faço do trivial ao sofisticado e embora minha namorada não vá me engravidar, comemoro os chás de fralda das minhas amigas.
Assisto a comédias românticas com a cabeça no colo dela, choramos com esses romancesinhos água com açúcar, amo quando ela me manda flores, dividimos as calças jeans, compramos revistas de moda e assistimos novela, torcendo pelo mocinho sempre. E fora aquela fase de adolescência, onde só nossa mãe nos acha a coisa mais linda do mundo, mesmo com um rosto crivado de espinhas e uma voz de taquara rachada, somos normais como toda e qualquer mulher que anda por aí.
Gostaríamos de uma bunda sem celulite, de um peito mais empinado, de um nariz mais fino, de um cartão de crédito sem limite, e uma linha telefônica grátis.
Isso por que somos mulheres.
Altas ou baixas, gordas ou magras, lisas ou crespas, loiras ou morenas, heteros ou homos.
Somos mulheres, não o número do nosso pé.